Os pacientes com câncer estão na lista de pessoas que têm direito a tomar a vacina contra a gripe (influenza) – uma infecção aguda do sistema respiratório, com elevado potencial de transmissão. Como estão com a imunidade baixa devido ao tratamento oncológico, eles fazem parte do grupo dos imunossuprimidos, que apresentam maior chance de desenvolver as formas graves da doença. Para receber a imunização contra a gripe, os pacientes oncológicos devem se dirigir aos postos de saúde com um documento que comprove que eles têm câncer, tais como laudos médicos e encaminhamentos. A campanha de imunização do Ministério da Saúde segue até 1º de junho. Já o Dia D da mobilização acontece no dia 12 de maio, quando 5 mil postos de vacinação deverão estar abertos em todo o Estado.
De acordo com o médico infectologista do Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), dr. Paulo Sérgio Ramos, as variedades mais comuns do vírus da influenza são o A(H3N2), A(H1N1) e a influenza B. Enquanto o primeiro surge anualmente, causando a influenza sazonal, o segundo circula de forma episódica e pode, às vezes, passar anos sem causar novos casos de gripe. “Quando esse vírus circula, pode encontrar uma população que ainda não foi exposta a ele. É por isso que quando ele encontra condições epidemiológicas favoráveis, podem ocorrer surtos”, comenta. O perigo está no fato de que os casos de gripe provocados por esses vírus podem evoluir para a forma grave da doença, chamada de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que, em alguns casos, podem até levar a morte. A vacina que está sendo disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) protege contra o vírus A(H1N1) e A(H3N2), além do tipo B. O vírus influenza é responsável por 80% das síndromes gripais.
Segundo dr. Paulo Sérgio, a vacina deve ser tomada por todos os pacientes oncológicos, sem restrição. Isso porque o vírus utilizado nessa vacina está inativado e não é mais capaz, de forma alguma, de causar uma doença. “Essa vacina é indicada tanto para os pacientes que estão em tratamento quanto para os que não estão, ou seja, quem tem câncer e acabou de fazer uma cirurgia ou quem está em tratamento quimioterápico ou radioterápico pode e deve se vacinar. O que pode acontecer nessa população, que está com a imunidade prejudicada, é que a vacina possivelmente não terá uma eficácia comparável a de uma pessoa com a imunidade normal”, reforça.
O infectologista destaca, no entanto, que existem duas situações nas quais não é recomendada a vacinação. “Não devem ser imunizadas aquelas pessoas que apresentaram febre nas últimas 48 horas. A outra contraindicação é para os indivíduos que já tomaram a vacina em anos anteriores e apresentaram quadro de anafilaxia (reação alérgica grave), o que é um evento muito raro”, ressalta. Outro detalhe é que é necessário que a imunização seja feita anualmente.
SINTOMAS E PREVENÇÃO
Também chamada de influenza, a gripe é caracterizada pela presença de febre e tosse ou dor de garganta, associada a outros sintomas, como dor de cabeça, espirro, dor muscular e fadiga. A doença é transmitida tanto através do contato com secreções das vias respiratórias, que são eliminadas pela pessoa contaminada por meio da fala, tosse ou espirro, quanto por meio das mãos e de outros objetos contaminados, quando estes entram em contato com olhos, boca e nariz de pessoas sadias. Alguns hábitos simples como lavar as mãos várias vezes ao dia, utilizar lenço descartável ao tossir ou espirrar e não compartilhar objetos de uso pessoal, ajudam a prevenir a gripe.